Jéssica Machado Terapeuta Ocupacional especializada em pediatria e Integração Sensorial
Será que existem diferentes tipos de autismo?
De certeza que conheces o termo autismo, mas hoje vamos explicar-te melhor esta condição para que saibas como lidar com ela da melhor forma! O autismo é uma perturbação do neurodesenvolvimento, ou seja, isto significa que é uma perturbação que se caracteriza por alterações que acontecem ao longo do desenvolvimento neurológico.
Existem muitas dúvidas e mitos sobre o autismo e sobre como é que se pode identificar. Afinal de contas estamos a falar de uma perturbação complexa que se manifesta de formas diferentes em cada pessoa!
Antigamente, o autismo era categorizado em diferentes tipos, como autismo clássico e Síndrome de Asperger, como já deves ter ouvido falar. Por isso existem tantas vezes frases como: “deve ter um autismo leve”, “é um autista daqueles sobredotados”. Já ouviste alguma destas?
Apesar dessa categorização que te falámos, atualmente o autismo é classificado como um espectro, o que significa que tem muitas características e sintomas diversos. Essa mudança mostra que hoje em dia compreende-se que o autismo é altamente heterogéneo e que cada pessoa afetada pode ter uma combinação única de sintomas e desafios.
Embora não haja mais uma distinção clara entre os tipos de autismo, ainda é possível que as pessoas utilizem termos antigos, como Síndrome de Asperger, para se referirem a características específicas dentro do espectro.
Qual é a abordagem ao autismo que existe atualmente?
Em vez de categorias específicas de autismo, neste momento existe uma abordagem mais dimensional, o que quer dizer que os sintomas da perturbação do espectro do autismo (PEA) são avaliados em termos de gravidade e áreas afetadas. Essa abordagem permite uma avaliação mais precisa e personalizada de cada pessoa, levando em consideração os seus pontos fortes e desafios específicos.
Eu, enquanto terapeuta, gosto de pensar que a forma mais fácil de explicar o autismo neste momento é que é semelhante a um arco-íris. Ou seja, todas as cores têm as suas características, têm as suas limitações e têm os seus pontos fortes. Nós não categorizamos as cores do arco-íris como mais ou menos bonitas, mais ou menos importantes na construção da beleza do arco-íris, certo? Então, da mesma forma, existem alguns indivíduos com autismo que podem ter deficiências graves na comunicação verbal e não-verbal, interação social limitada e comportamentos repetitivos, enquanto outros podem ter dificuldades mais leves e revelar competências sociais e comunicativas mais desenvolvidas.
Além disso, existem variações individuais significativas no perfil cognitivo das pessoas com autismo. Algumas podem ter habilidades excecionais em áreas específicas – como memória detalhada, competências matemáticas ou talentos artísticos – enquanto outras podem apresentar deficiências em competências motoras ou de processamento sensorial.
Essa ampla gama de características e competências individuais demonstra que o autismo é um espectro contínuo, em que cada pessoa tem uma experiência única da condição. É importante que haja uma compreensão e reconhecimento desta diversidade, pois isso é fundamental para dar o apoio adequado a cada pessoa.
Mas afinal o que é o autismo?
Vamos a uma definição mais detalhada da condição em si, para perceberes melhor? Então, o autismo, ou a perturbação do Espectro Autista (PEA), é uma condição neurológica que afeta o desenvolvimento social, comunicativo e comportamental de uma pessoa. É caracterizado por dificuldades na interação social, comunicação verbal e não-verbal, além de comportamentos repetitivos e interesses restritos e outros.
Embora as causas exatas do autismo ainda não sejam totalmente compreendidas, sabe-se que uma combinação de fatores genéticos e ambientais desempenha um papel importante no seu desenvolvimento. Pesquisas sugerem que certas variações genéticas podem aumentar a susceptibilidade ao autismo, mas não há um único gene específico que seja responsável por todos os casos.
O diagnóstico do autismo faz-se através de uma avaliação completa das características e comportamentos da pessoa. Normalmente, os sintomas do autismo começam a ser notados na infância, embora em alguns casos possam ser detetados precocemente, em bebé. Os sinais de alerta podem incluir atraso ou ausência de fala, dificuldades na interação social, falta de contacto visual, padrões de brincadeira incomuns e sensibilidade sensorial.
Lembra-te que o autismo é um espectro contínuo, o que significa que os sintomas e as competências podem variar amplamente de uma pessoa para outra, como expliquei anteriormente. Algumas pessoas com autismo podem ter deficiências graves na fala e na interação social, enquanto outras podem apresentar um funcionamento mais elevado e ter uma vida independente. Cada pessoa com autismo é única, e é essencial adotar uma abordagem personalizada para entender e atender às suas necessidades individuais. O apoio e o tratamento para pessoas com autismo podem incluir psicologia, terapia da fala, terapia ocupacional e intervenções educacionais adaptadas. O objetivo é promover competências sociais, comunicação, independência e qualidade de vida.
É importante lembrar que o autismo não define uma pessoa. Cada indivíduo com autismo tem suas próprias forças, interesses e talentos! Muitas pessoas com autismo têm contribuições valiosas para oferecer à sociedade e podem destacar-se em áreas como matemática, ciência, arte, música e muito mais.
A consciencialização e a aceitação do autismo são fundamentais para criar uma sociedade inclusiva e oferecer às pessoas com autismo o apoio que precisam. É importante que todos nos eduquemos sobre este assunto, para desafiar estigmas e promover a inclusão em todos os aspetos da vida.
Ao fazer isso, podemos ajudar a criar um mundo onde as pessoas com autismo possam prosperar e alcançar seu pleno potencial!
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